O Reino de Deus

terça-feira, 12 de agosto de 2008


Palavra ministrada pelo irmão Wanderlei Rodrigues no encontro da Igreja em Goiânia, no dia 27/06/08Texto Adaptado

- O Reino é a esfera de ação de Deus

“E, depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho do reino de Deus, E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho”. Mc 1:14,15

Lendo este texto podemos ver que o Senhor Jesus fala do Reino de Deus, da necessidade do arrependimento, e de se crer no Evangelho. Muito diferente do evangelho que tem sido proclamado nesses últimos dias. Um evangelho que parece servir tão somente para tirar as pessoas do inferno e introduzi-las no céu. Ou quem sabe, um evangelho de bênçãos, de maravilhas, de coisas que podem ser desfrutadas aqui mesmo nessa Terra. Quando Jesus fala do Evangelho, Ele fala com um objetivo e fim específico – o Reino. O objetivo do Evangelho é que nós venhamos a ser introduzidos no Reino. Esta é uma palavra que o Senhor tem compartilhado conosco nesse tempo. E de uma forma tão graciosa Ele tem Se revelado a nós. Precisamos considerar a palavra do Senhor. Não sei se temos conseguido processá-la e tido uma definição do que é o Reino. Nós sabemos que isso já foi falado, mas o que é o Reino? De uma maneira bem simples, o reino é a esfera da ação de Deus. É onde Deus pode agir. É onde Deus pode realizar a Sua vontade. Isto é o Reino. E o desejo do Senhor é ter a Sua Igreja como a expressão desse Reino. É ter a Igreja como o lugar que Ele tenha a Sua vontade expressa. Onde Ele possa agir. Onde Ele possa manifestar a Sua vontade. E também ter o Seu propósito realizado. É por isso que Ele diz em Marcos 1: “... O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”.

No primeiro capítulo de Gênesis, a partir do versículo 26, Deus nos revela que criou o homem a Sua imagem para que pudesse expressá-Lo. Ele deu autoridade ao homem sobre todas as coisas que foram criadas. Esse domínio nos fala exatamente do Reino. Naquele momento Deus implantou o Reino, a Sua esfera de ação. E o homem encabeçava toda a Sua criação. Essa foi a vontade de Deus. Foi a maneira de Deus agir. Foi a maneira de Deus realizar a Sua vontade, o Seu propósito. Isso é muito claro. Mas o homem pecou! Então, se continuarmos a ler o livro de Gênesis veremos Deus chamando Abraão, Isaque, Jacó, os patriarcas. Veremos o Senhor retirando a nação de Israel do domínio de Faraó. No capítulo 19 de Êxodo a Bíblia nos diz que Deus tirou aquele povo do Egito com o propósito de fazer dele uma nação santa, uma nação de reis e sacerdotes. Observem que a vontade de Deus não era que algumas pessoas fossem, mas que a “nação” fosse. O foco da ação de Deus não era o reino de Israel, mas o Reino de Deus através de Israel. Entretanto isso não foi alcançado completamente. Então Deus mesmo decide encarnar e vir. O Senhor Tabernaculou entre nós. Ele veio na forma humana. Então vemos o Senhor Jesus trazendo esse Evangelho do Reino. Esse foi o Seu objetivo.

No capítulo 16 de Mateus podemos ver Jesus conduzindo Seus discípulos para Cesaréia de Felipe, no pé do monte Hermon. Então Ele pergunta o que os homens diziam ao Seu respeito. Logo em seguida Ele faz a mesma pergunta para os Seus discípulos:

- “Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?” Mt 16:15

Se prosseguirmos lendo os versículos seguintes veremos que a revelação foi dada a Pedro:

- “... Tu é o Cristo, o Filho do Deus Vivo” Mt 16:16

A partir de então o Senhor Jesus diz que sobre esta revelação, que sobre esta Rocha, que é Ele mesmo, Ele edificaria a Sua Igreja. E também disse que daria a Pedro as chaves do Reino. Este é um fato muito curioso e interessante. Porque no momento em que Ele fala sobre a edificação da Igreja, Ele também fala sobre o Reino. Isto significa que para que haja edificação o Reino tem que ser aberto. Esta verdade foi plenamente cumprida na vida da Igreja. Observemos que o Senhor Jesus falou “as chaves” e não a chave do Reino. Eram duas chaves. Em Atos, capítulo 2 a primeira chave foi usada quando os judeus receberam a palavra no Pentecostes. A Bíblia nos revela que Pedro levantando-se proferiu o Evangelho e muitos creram, muitos entraram no Reino de Deus. Agora no capítulo 10 de Atos, na casa de Cornélio, a segunda chave foi utilizada abrindo a porta do Reino de Deus para os gentios. É por isso que Paulo quando escreveu para os efésios disse que esses dois povos foram feito um só povo. Agora há uma só edificação que é a Igreja do Deus Vivo, a Casa de Deus.

A esfera de ação de Deus hoje é a Igreja. Nós precisamos entender que o Evangelho que deve ser anunciado é o Evangelho do Reino. É verdade que muitas pessoas estão focadas na manifestação futura do Reino, naquilo que está por vir. Amém! Nós aguardamos por isso. Mas nós precisamos saber que o Reino de Deus está dentro de nós. Foi isto que o Senhor Jesus disse. E nós precisamos crer nesta palavra, viver esta realidade, porque fomos chamados para ser a Igreja. Muitos de nós compreendemos e assimilamos isso, mas será que já temos clareza quanto ao fato de sermos o Reino de Deus? Nós somos a esfera de ação de Deus; onde Deus deseja e irá manifestar toda a Sua vontade; onde o Seu objetivo será levado a cabo. É isto que Deus está nos dizendo. Ele deseja, através de nós, expressar a Sua vontade, realizar o Seu propósito. Esta é a vontade de Deus, e nós precisamos considerar isto. Vejamos alguns textos:

- “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” Jo 3:5

Fica claro nesse texto que o Reino de Deus é uma questão de vida. E a vida de Deus está em nós. Geralmente aceitamos o fato do Espírito Santo viver em nós, mas talvez alguns tenham uma certa dificuldade em compreender que Deus e Cristo também estão em nós. Observemos o que nos diz a palavra:

- “Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós” Ef 4:6
Aleluia!

- “Aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória;” Cl 1:27

- “O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós. Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” Jo 14:17,23

O Pai, o Filho e o Espírito vivendo em nós. Esta é uma realidade. Se o Espírito vem, o Filho vem. Se o Filho vem, o Pai também vem. Nós precisamos crer que Deus habita em nós. Deus está no nosso espírito. Portanto o Reino é uma questão de vida. No Evangelho de João, capítulo 3, o Senhor nos fala sobre o novo nascimento. No capítulo 12 de Zacarias a Bíblia diz que Deus estendeu os céus. Olhem como isto é precioso. Neste texto o Senhor fala de três coisas: o céu, a terra e o espírito do homem. Na epístola escrita aos romanos a palavra nos fala do Espírito conosco e Dele em nós, como vimos também no Evangelho de João. O céu está relacionado com os astros, o sol a lua, etc. Neste aspecto, o céu é para a terra. Porque se não houver o sol, a luz, naturalmente não haverá vida. A Terra dentro do propósito de Deus era para o homem. O papel do homem era governar sobre todas as coisas na Terra. Mas, e o espírito que Deus formou e colocou dentro do homem? Ele é para Deus! Ele é para a habitação de Deus! Este é o lugar da comunhão de Deus conosco. É para onde o Pai, o Filho e o Espírito vêm. Para habitar nós. Se não considerarmos isto em nossa experiência cristã, não teremos um verdadeiro relacionamento de vida com Deus.

Se considerarmos o nosso corpo iremos ver que temos órgãos adequados para cada situação. Sem a visão não podemos enxergar. Sem a audição não ouviremos. Sem a visão não podemos substancializar as cores, por mais que elas existam. E concernente ao espírito que é o único meio de relacionamento com Deus? Precisamos entender que é no nosso espírito que nos relacionamos com o Senhor. É por isso que Deus o criou. Porque é no nosso espírito que desfrutamos da vida com o Senhor, que mantemos contato, que nos relacionamos com Deus. Não adianta querer ter a percepção de uma cor através do olfato. Não há como substancializar isto. Hoje, mais do nunca, vemos as pessoas tentando ter comunhão com Deus através das suas emoções. Deus pode tocar em nossas emoções e não há nada de errado nisso, mas este não é o meio adequado de nos relacionarmos com Ele. Assim também, ocorre com o nosso corpo. Mas temos um espírito e precisamos que a vida do Senhor flua dentro do nosso espírito. Esse é o objetivo do Reino de Deus. É que Ele Se mova através da Sua Igreja em uma relação adequada.

Quando olhamos o capítulo 1 de Gênesis vemos o propósito de Deus de uma maneira eterna, completa. Já no capítulo 2 nos é revelado como Deus age para poder estabelecer, para cumprir este propósito. Se olharmos na Bíblia, veremos de uma forma muito clara que tudo o que temos em Gênesis é a semente do que está desenvolvido em toda a Escritura Sagrada. Em Gn 2:10 vemos que saía um rio do Éden para regar o jardim. Que aspecto interessante! Um rio para regar. Qual é o objetivo de se regar um jardim? Florescer! Isso nos fala de vida! É para que haja o fluir da vida. Quando Deus criou e formou o homem, o colocou diante da Árvore da Vida! Deus não disse dez leis ou dez mandamentos estabelecendo o que o homem deveria fazer e não fazer. Mas Ele disse que o homem deveria alimentar-se da Árvore da vida! É um princípio muito claro nesse texto. Do Éden saía um rio que depois se dividia em quatro braços. É um rio só, mas ele se dividia em quatro braços. Conseguem ter essa visão? O número 1 na Bíblia nos fala de Deus, O Único. Já o número 4 representa o homem, a criatura. Portanto podemos ver o rio (Deus) fluindo para o homem nas quatro direções. Em todas as circunstâncias há um fluir de vida de Deus para o homem. Este é o princípio que precisamos compreender.

O nome desse primeiro rio é Pisom. Sabem o que significa Pisom? Fluindo gratuitamente. É um rio de vida que flui gratuitamente. Verdadeiramente foi pago um alto preço, mas para nós isto foi gratuito. Isaías 55:1-3, nos diz:

- “Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as firmes beneficências de Davi”.

Esta é a palavra do Senhor; todos os que têm sede vinde às águas. É necessário tão somente isso: termos sede do Senhor; desejarmos o Senhor; querermos o Senhor. Que o Espírito Santo nesses dias nos leve a querer querer Deus, a ansiarmos realmente pelo Senhor, porque existe um rio fluindo de Deus para nós. Esta é a realidade. Deus deseja dispensar-se a nós tendo em vista o Seu Reino, o estabelecimento da Sua vontade, o cumprir do Seu desejo em nós através da vida que flui Dele mesmo.

- “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida” Ap 22:17

Aleluia! Esse é o Rio que flui do trono de Deus. Esse é o Rio que procede do governo de Deus. É Ele mesmo querendo se derramar para dentro de nós.

Agora voltemos para Gênesis 2:11. O rio Pisom além de fluir gratuitamente rodeia toda a terra de Havilá. Sabem o que significa Havilá? Aquele que faz crescer. Aquele que leva à maturidade, à estatura perfeita. Se continuarmos lendo veremos que a palavra nos diz: “onde há ouro e o ouro dessa terra é bom, ali há o bdélio e a pedra sardônica (ônix)”. Portanto podemos ver que este rio flui para a terra de Havilá que nos leva à maturidade, ao crescimento. Quanto mais deste Rio fluindo para dentro de nós, mais maturidade haverá em nós. Se ainda somos meninos e infantis, concernente à nossa vida espiritual, o que é que nos falta? Mais da vida de Deus! O Senhor deseja se derramar mais e mais para dentro de nós. E o interessante é que aqui há o ouro, o bdélio, que é a pérola, e a pedra sardônica, que é o ônix. O ouro nos fala da natureza e da glória de Deus. Quanto mais fluir deste rio em nós, mais haverá da natureza de Deus em nós. Mais nós teremos do caráter de Cristo em nós.

Se observarmos no livro de Apocalipse veremos esses mesmos elementos na edificação da Nova Jerusalém. No capítulo 2 de Gênesis nos é revelado que o homem foi feito do pó da terra, ou seja, de barro. Mas a Nova Jerusalém não é edificada com barro, mas sim com ouro. Portanto, nós precisamos que a vida do Senhor venha verdadeiramente nos transformar. Que nós venhamos realmente ganhar essa natureza de Deus. Sermos completamente transformados, ganhos pelo Senhor. E é isto que Ele está fazendo. Creia na palavra de Deus. Creia naquilo que Deus está fazendo na sua vida, para que nós venhamos realmente corresponder àquilo que Ele deseja. Como reinos, como sacerdotes e reis para Deus. É isso que Ele deseja ganhar em nós. Precisamos perceber que o Senhor está fluindo para nós gratuitamente com o desejo de nos ver crescer, nos levando à maturidade.

No versículo 13, nos é dito que o nome do segundo rio é Giom. Giom significa turbulências de águas. É preciso muitas águas para que haja turbulências de águas. Não pode haver turbulências com apenas algumas gotas de águas, com poucas águas. E é isto que o Senhor deseja. Se derramar para dentro de nós em abundância, em plenitude. Não é algo que perceberemos vagamente. E o texto nos diz que esse braço do rio rodeia toda a terra de Cuxe. Cuxe é o nome hebraico da Etiópia. E sabem o que significa isso? Trevas! Isto nos fala da natureza do pecado; da ausência de luz. Como nós precisamos que essa turbulência de águas venha e retire de nós tudo aquilo que tenha a natureza do pecado, tudo aquilo que tem tomado o lugar de Deus em nosso coração. É exatamente isto que Deus deseja fazer em sua vida, em minha vida. É nos inundar com essa corrente desse Rio e limpar de nós tudo aquilo que não procede Dele, que tem a natureza mundana, maligna. Deus está como um Rio dentro de nós nos libertando de tudo isso para que nós possamos expressar a Sua vida como Igreja do Senhor, como Reino Dele, como aquilo que Ele tem estabelecido. Que nós possamos corresponder ao chamado do Senhor. Em Jeremias 13:23 há uma interrogação muito interessante:

- “Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal”.

Não. Não é possível. Da mesma forma nós não podemos mudar a nossa natureza pecaminosa por aquilo que nós podemos fazer, pelo nosso próprio esforço, ou quem sabe pela nossa espiritualidade. Mas se esse Rio, como uma turbulência, passar dentro de nós, irá arrancar tudo aquilo que não pertence ao Senhor. E é nisto que nós cremos e confiamos; no que Deus está fazendo em nós.

- “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” Fp1:6

Esta é a nossa esperança. Nossa esperança não está naquilo que nós podemos fazer, mas naquilo que Deus está fazendo. Graças ao Senhor por isso!

Voltemos para Gênesis para podermos concluir. O nome do terceiro rio é Hidéquel. Este é o rio Tigre que significa rápido. Rápido no aspecto de poder. Ele vai para a banda do oriente da Assíria. É interessante o aspecto de poder desse rio. Esse fluir simboliza o fluir da vida de Deus como poder. Em Efésios, capítulo 1, Paulo nos fala sobre o poder que Deus exerceu em Cristo Jesus ressuscitando-O dos mortos. A Bíblia diz que esse mesmo poder foi dado à Igreja. Para o viver da Igreja. É esse mesmo poder que está fluindo na nossa vida através da própria vida do Senhor. E aqui diz que esse rio flui para a banda do oriente da Assíria. A Assíria era um lugar plano. É onde havia a habitação do povo. Sabe o que isso significa? Que Deus irá fluir com poder para dentro de nossos lares trazendo transformação, cumprindo aquilo que é o Seu objetivo. Que a nossa casa, que o nosso lar seja uma expressão viva da Sua Igreja. Quantos lares precisam desse fluir de vida? São filhos que já não querem mais o Senhor. Que têm sido engolfados por esse mundo. Casais que estão completamente destruídos. Embora juntos, mas completamente separados. Deus, através desse fluir de vida, deseja restaurar esses lares. Deseja restaurar as famílias. Creia no que Deus está fazendo. Creia no poder restaurador de Deus. Nesse poder transformador. Nesse poder que cura.

O quarto braço desse rio é o Eufrates. Significa Perá, que é fértil, frutífero. Abramos as nossas Bíblias em Ez 47.7:12:

- “E, tornando eu, eis que à margem do ribeiro havia uma grande abundância de árvores, de uma e de outra banda.Então me disse: Estas águas saem para a região oriental, e descem à campina,...”.

Perceberam que é a mesma região do quarto braço do rio?

- “... entram no mar; e, sendo levadas ao mar, sararão as águas. E será que toda a criatura vivente que vier por onde quer que entrarem estes dois ribeiros, viverá, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão estas águas, e sararão, e viverá tudo por onde quer que entrar este ribeiro. Será também que os pescadores estarão junto dele; desde Engedi até En-Eglaim, haverá lugar para estender as redes; o seu peixe, segundo a sua espécie, será como o peixe do mar grande, em multidão excessiva. Mas os seus charcos e os seus lamaceiros não sararão; serão deixados para sal. E junto do ribeiro, à sua margem, de uma e de outra banda, subirá toda a sorte de árvore que dá fruto para se comer: não cairá a sua folha, nem perecerá o seu fruto: nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de alimento e a sua folha de remédio”.

Aleluia! Sabemos que são torrentes das águas purificadoras. Fala de algo frutífero. Porque falamos tanto em frutificar, em dar fruto, mas muitas vezes não temos sido frutíferos? Porque falta o jorrar desse Rio que procede do Éden, que é um lugar de prazer, de satisfação. Falta o fluir da vida do Senhor. Ele deseja fluir para dentro de nós. Quando Jesus se encontra com a mulher samaritana em João, no capítulo 4, Ele fala exatamente sobre isso. Não é simplesmente o fato de termos uma experiência. Tivemos uma experiência e ela passou. Mas quantos irmãos têm vivido disso? Dessa experiência passada? Carregam essa experiência para o resto da vida. Apenas essa experiência. Mas o que o nosso Senhor diz em João? Que rios de águas vivas fluirão do nosso interior. Quer dizer do nosso espírito. O que é esse Rio? É a vida de Deus. É exatamente o Espírito Santo. Ele diz isso em João, no capítulo 7. Esse fluir é o Espírito fluindo do nosso espírito. Ó irmãos! Nós não podemos nos contentar com pouco. Existe muito de Deus para nós. O que Deus deseja para nós é algo grandioso. Ele está falando de abundância, de algo que excede. Ele fala de turbulência, de abundância. Ele fala de um rio fluindo. É isto que o Senhor nos chama a experimentar, a viver. Para ser a nossa experiência de vida como Igreja. Não é nada menos do que isto.

Para concluir, gostaria de ler 1Jo 5.14-21:

- “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade...”.

De acordo com algo que está determinado. De acordo com os Seus preceitos. De acordo com o Seu prazer. De acordo com a Sua satisfação.

Deus nos houve. Ele nos considera. Considera aquilo que nós pedimos.

- “...ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos”.

Vejamos agora a partir do v.16:

- “Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda a iniqüidade é pecado, e há pecado que não é para morte. Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca. Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno. E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém”.

Normalmente as pessoas lêem esse texto para questionar o que é pecado para a morte e o que não é. E na maioria das vezes a intenção é para pecar com a consciência tranqüila. Saber que não vai perecer.

Não é o nosso objetivo nesse momento adentrar nesse assunto. Até mesmo porque todo pecado gera morte. Às vezes, alguns de imediato, e outros, posteriormente. Na peregrinação do povo de Israel no deserto nós podemos ver isso. Quando Coré peca, no dia seguinte ele morre. O juízo veio sobre ele. Já Mirian, quando pecou, foi impedida de entrar na Terra Prometida. Podemos ver também o que aconteceu com Moisés. Qual foi a transgressão de Moisés? Deus disse para ele falar, e ele bateu. Não foi isso? Uma lição para todos aqueles que têm o ministério, o encargo de compartilhar a palavra do Senhor, e para toda a Igreja. Por causa disso, Moisés não pôde entrar na Terra Prometida. Ele chegou a ver Canaã, mas não pôde entrar. Olhem a seriedade disso. Moisés foi escolhido por Deus para conduzir aquele povo. Houve um momento em que Deus quis exterminar todo aquele povo, e só não fez por causa da intercessão de Moisés. Mas por desobedecer às instruções do Senhor, ele perdeu o direito de entrar na Terra de Canaã. Observem a responsabilidade que temos ao falar, ao ministrar. Que o Senhor nos dê graça e sabedoria em cada situação. E se o Senhor nos mandar falar, nós não temos que ferir. Não somos nós que fazemos, mas é o Espírito Santo quem convence.

O que fazemos quando vemos um irmão cometer pecado que não é para a morte? Normalmente colocamos um machado no pé da raiz e decidimos quem vai para o céu e quem vai para o inferno. Decidimos inclusive qual o pecado é para a morte e qual não é. Tornamos-nos juízes. Mas não é isso que a palavra de Deus diz. Isto quer dizer que quando alguém peca, apenas a repreensão não é suficiente. O que é que essa pessoa precisa? Vida! Ela precisa de Vida! Então como temos agido? Nós temos vida? Existe um Rio que flui do nosso interior, do nosso espírito, para que nós possamos orar a Deus e ministrar vida? Porque é isso que o texto diz. “... e Deus dará a vida...”.

Gostaria de chamar a atenção para oito palavras que ocorrem aqui nesse texto. Existem cinco com uma perspectiva negativa. São elas: pecado e morte no v.17, mundo e maligno no v.19, e ídolos no v.21. O pecado gera a morte e o mundo está no maligno, e nós somos advertidos dos ídolos. Se vivemos uma vida de pecado, na realidade estamos caminhando para a morte. Estamos nos entregando à morte. Não terá outra paga senão a morte. E quantas pessoas têm sido atraídas pelo mundo?

Agora vamos ver três palavras com uma perspectiva positiva: Deus, o Filho de Deus e vida. O v.20 diz:

- “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro...”.

Quantas pessoas não têm tido ainda o entendimento daquilo que é verdadeiro, e tem convivido com algo falso, com um aspecto falso da vida cristã? Jesus nos advertiu quanto a isto. Ele disse que os últimos dias seriam dias de engano. Que o falso entraria no meio do povo de Deus. Mas Ele veio para conhecermos o que é verdadeiro. Para entendermos que estamos Nele, que é a própria vida eterna. Ou seja, podemos desfrutar da vida eterna hoje que é Cristo Jesus em nós. Ô irmãos, que o Senhor através do Seu Espírito, através da Sua palavra que tem sido de forma graciosa derramada sobre nós, venha nos conduzir àquilo que é Verdadeiro. Venha nos libertar de tudo que é falsidade. De tudo aquilo que é pecado. Que gera morte. De todo tipo de mundanismo. De tudo que está nessa esfera maligna. De todo tipo de ídolo. De tudo o que tem roubado o lugar de Deus em nós. Em todos os aspectos e em todas as circunstâncias. Mas que Ele venha a nos levar a tocar a Vida Eterna, que é o Seu Filho em nós. Que o Senhor venha nos despertar para esta realidade. Creia na palavra de Deus. Naquilo que está sendo ministrado. Isto é uma realidade para nós.

Como precisamos voltar o nosso espírito para Deus! E desfrutarmos do mergulhar nesse Rio de Vida! Vejam quantas pessoas têm vindo até nós. Não é necessário nós irmos. Antigamente dizíamos: Vamos sair evangelizando. Aí iremos encontrar pessoas necessitadas, perdidas, angustiadas, enfim, pessoas de todas as maneiras. Isso não é necessário. As pessoas têm vindo a nós. Quando menos esperamos, alguém chega e escancara o seu coração. E o que temos feito? Se alguém tem confessado o seu pecado, escancarado o seu coração? Nós temos apenas uma palavra de consolo ou nós temos ministrado vida? É isso que o Senhor está exigindo de nós. Se não temos a Vida, não é um problema de Deus. Ele tem se deixado fluir. Todavia, o quanto nós temos desfrutado? O quanto nós temos desse conteúdo? A Bíblia diz que nós somos um vaso para conter um grande Tesouro. O quanto temos dessa vida em nós. Quanto temos do elemento dessa vida divina em cada um de nós, para que possa fluir do nosso espírito esse Rio de águas vivas? Para que possa tocar todos aqueles que têm vindo a nós com os seus corações muitas vezes mutilado, com a vida cheia de pecados, completamente mergulhados nesse mundo. O Senhor está inquirindo isso de nós. Uma vida separada para Ele. Uma vida que venha cumprir o Seu propósito. Uma vida verdadeiramente qualificada para expressar a Sua vida. Para ser Igreja. Para expressar a realidade do Seu Reino. Que o Senhor venha nos ganhar mais e mais. Que o Senhor venha a nos capturar mais e mais e que possamos estar cheios da própria vida Dele. No nome de Jesus. Amém.

Wanderlei Rodrigues

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