segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Por: Luiz Fontes
“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.”
Mt 5.10-12
Introdução
- Quando estudamos essas bem-aventuranças descobrimos que elas no aspecto geral nos informam acerca do caráter da vida cristã.
- Essas bem-aventuranças nos dão uma visão em diferentes aspectos, como uma fotografia que é constituída de diversas facetas, de tal maneira que cada uma delas expõe algum aspecto do caráter cristão.
- Humanamente falando é difícil descrever a vida cristã. Biblicamente falando, a melhor maneira de retratar o cristão consiste em traçar as diversas qualidades que nos são apresentadas nessas bem-aventuranças.
Duas maneiras fundamentais pelas quais o cristão é reconhecido
- Aqui nessa última bem-aventurança, o SENHOR JESUS uma vez mais lançou luz sobre o caráter prático da vida cristã. Aqui, Ele define em aspectos práticos o que é o viver cristão.
- Há duas maneiras fundamentais de reconhecer o cristão:
1. Podemos reconhecê-lo naquilo que ele é em si mesmo.
2. Através das suas reações as diversas coisas que lhe sucedem nessa vida neste mundo.
- Essa bem-aventurança que estaremos estudando diz respeito a esta classificação.
Três princípios concernem à vida cristã
- À medida que vamos estudando os ensinos do SENHOR JESUS nessa bem-aventurança, podemos claramente ver três princípios que caracterizam a vida cristã. Embora, são princípios que julgamos simples, muitas vezes somos culpados por ignorá-los.
Primeiro princípio – O cristão é alguém que o seu caráter difere de qualquer outra pessoa.
- Em Mateus 10.34-37 o SENHOR JESUS disse:
“Não penseis que vim trazer paz a terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim.”
Nesse texto vemos que a cruz de CRISTO precisa trabalhar em nossas afeições naturais. O Evangelho de CRISTO estabelece uma bem definida distinção entre o cristão e o não cristão.
Segundo princípio – A vida cristã é dominada por CRISTO JESUS, e por um viver leal a CRISTO.
- O aspecto peculiar que envolve as perseguições sofridas pelos cristãos é que elas são experimentadas por causa do SENHOR JESUS.
- O grande motivo controlador da vida cristã é: “por causa de CRISTO.”
- O cristão vive uma vida que agrada a CRISTO em tudo.
Terceiro princípio – a vida cristã é controlada pelo pensamento celestial sobre o mundo vindouro.
- Olhe para Hebreus capitulo 11. Qual era o segredo da vida daqueles homens que viveram tal expectação do mundo vindouro? O versículo 10 de Hebreus 11 responde para nós:
“porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador.”
Esse era o segredo deles.
- O cristão é completamente diferente de um incrédulo, pois ele busca sua satisfação na esperança do mundo vindouro. O incrédulo vive ansioso pela busca de satisfação nessa vida. Uma pessoa incrédula não gosta de falar sobre a morte e a eternidade. O cristão, diferentemente do incrédulo, medita e fixa os seus pensamentos nas maravilhas da promessa de DEUS aos seus eleitos acerca do mundo vindouro.
Como o cristão deve enfrentar a perseguição?
- Precisamos compreender que a perseguição a qual o SENHOR JESUS trata nesses textos só são aplicáveis àqueles que são perseguidos por causa de CRISTO.
- Essa perseguição não deve ser motivada por aquilo que somos, como pessoas naturais; mas, pelo contrário, essa perseguição deve ser unicamente por aquilo que somos como novas criaturas em CRISTO.
- Como caracterizam essas perseguições?
1. Pode haver um aspecto de violência;
2. Pode haver detenções;
3. Pode haver rejeição e desprezo;
4. Pode significar a perda do emprego;
5. Pode manifesta meramente como gracejos e insultos;
6. Não há fim quanto à variedade dos sofrimentos de um cristão. Porém, a forma é o que menos importa. O que realmente importa é como o cristão enfrenta tais coisas.
Como deve o cristão se comportar diante dessas perseguições?
1. O cristão nunca deve retaliar;
2. Nunca deve ficar ressentido;
3. O cristão deve controlar suas ações e suas reações.
4. Jamais se sentir deprimido em face às perseguições. Humanamente falando, a perseguição deixa o cristão deprimido e infeliz.
Como é possível alegrar-se debaixo das perseguições?
- O SENHOR JESUS não nos ensinou a alegrar-se no fato das perseguições em si.
- O que está em evidência no ensino do SENHOR JESUS quanto as perseguições é que o cristão sofre por amor a causa de CRISTO, porque isso, prova quem ele é e a quem ele pertence.
- Veja o que Pedro diz em sua Primeira epistola:
“Ora, o DEUS de toda a graça, que em CRISTO vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar” (1 Pd 5.10).
Creio que não podemos ignorar algumas lições as quais nosso querido Pai Celeste deseja nos ensinar nesse precioso texto:
1. A primeira lição que aprendemos é que diante da glória da eternidade, nossos sofrimentos não significam nada. Somos extremamente carentes de ter uma revelação da glória da eternidade.
2. A segunda lição que aprendemos nesse texto está na frase “o DEUS de toda graça” – essa frase é uma redundância apostólica. Isso indica que DEUS fez algo que está além de toda cogitação, algo que ultrapassou todos os limites da imaginação humana, algo incomensurável. É isso que essa frase “o DEUS de toda graça” nos diz.
3. A terceira lição é que “em CRISTO nos chamou”. Quando DEUS nos chamou a existência Ele nos viu primeiramente em CRISTO para o propósito da Sua eterna glória. Nessa única frase Pedro nos desvenda o glorioso propósito eterno de DEUS quanto a nossa eleição eterna.
4. A quarta lição está numa preposição primária que em português aparece na forme de uma crase (ou fusão) da preposição a com o artigo definido feminino a. Na língua grega é a preposição primária eis.
a. Essa preposição primária significa: “em”, “até”, “em direção a”, “para dentro de”.
b. Veja algo impressionante aqui: DEUS nos chamou “em CRISTO” – isso está na eternidade passada; ainda diz que Ele está nos chamando “ate” - que nos revela a obra que Ele está fazendo em nós, isto é, uma obra incessante.
c. “Ate” indica que Ele só ira parar essa obra quando Ele alcançar o Seu propósito; podemos ver que essa preposição primária ainda significa “em direção a” - isso implica a glória, porque o alvo de DEUS é nos conduzir a Sua majestosa glória eterna.
d. Por último, podemos ver que essa preposição primária indica algo mais impressionante ainda que é “para dentro”. Pedro diz que DEUS nos “chamou à (para dentro) eterna glória.”
e. Às vezes eu chego a pensar que as mais completas e estupendas verdades cristãs estão nas preposições bíblicas.
5. A quinta lição que aprendemos é que as nossas lutas por causa de CRISTO elas são limitadas. Pedro diz: “por um pouco”.
6. Nessa última lição vemos o resultado dos sofrimentos os quais passamos por amor a CRISTO. Paulo nos diz em Romanos 8.28: “tudo coopera para o bem daqueles que amam a DEUS...” O resultado é que DEUS mesmo irá nos:
a. “aperfeiçoar” – No grego temos o vocábulo katartizo, que significa: “preparar”, “equipar”, “colocar em ordem”, “ajustar para si mesmo”.
b. “firmar” - No grego é sterizo, que significa: “tornar estável”, “tornar firme”.
c. “fortificar” – No grego é sthenoo, que significa: “tornar forte”, “de qualidade, alguém que não hesita, que não desiste”.
d. “fundamentar” - No grego é themelioo, que significa: “colocar fundamento”, “tornar estável”, “estabelecer”.
- Paulo escrevendo aos Coríntios em sua Segunda carta, ele disse:
“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós, eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas” (2 Co 4.17,18).
Eu quero fazer duas considerações nesse texto, para compreendermos algumas coisas importantes dentro do contexto daquilo que tenho o encargo de compartilhar sobre aqueles que sofrem por causa de CRISTO:
1. “produz” – No grego esse vocábulo é katergazomai que significa: “realizar”, “executar”, “conquistar”, “modelar”. Essa palavra significa que algo está sendo realizado além da medida.
2. “acima de toda comparação” – o vocábulo grego usado aqui é upérbole. Literalmente traduzindo é de “excesso em excesso”. Trata-se de uma magnitude excessivamente profunda.
“Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus”
- Paulo escrevendo aos Filipenses no capitulo 1 e o versículo 29 disse: “Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por CRISTO e não somente de crerdes nele.”
- O que está evidente na declaração do SENHOR JESUS CRISTO é que a perseguição prova que o nosso destino final.
- Isso significa que fomos rotulados; significa que pertencemos a um outro reino.
- É algo que nos enche de um jubiloso senso de antecipação dos privilégios da glória vindoura.
- Toda a nossa perspectiva a respeito das lutas que enfrentamos por causa da nossa união com CRISTO deve ser governada por três considerações:
1. A percepção de quem somos;
2. A consciência do lugar para onde estamos indo;
3. O nosso conhecimento daquilo que nos espera quando eu ali chegarmos.
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