quarta-feira, 13 de agosto de 2008
João, capítulo 11, revela como o Senhor Jesus deu vida a alguém que estava morto, em outras palavras, como Ele ressuscitou o morto. Jesus era capaz de ressuscitar o que estava morto e ele levou um homem morto a ser ressuscitado, mas em vez de dizer, "Eu ressuscito o morto", Ele disse: "Eu sou a ressurreição". Pouco depois de dizer isto, Ele realmente ressuscitou o que estava morto. Tanto Marta quanto Maria estavam presentes naquele dia. De acordo com o seu sentimento, parecia-lhes muito mais apropriado o Senhor Jesus dizer: "Não se preocupem com a morte do seu irmão, pois eu posso ressuscitá-lo". Nós gostamos de ouvir tais palavras. O que nós admiramos e antevemos é que Deus fará mais por nós. Frequentemente nossas orações e expectações diante de Deus são pela promessa de que o Senhor irá fazer desta e daquela forma para nós. No entanto o Senhor deseja, de forma especial, que vejamos que a questão não está no que Ele pode fazer, mas no que Ele é, pois os seus feitos são baseados no que Ele é.
Considere Marta. Ela cria no poder do Senhor. Ela lhe disse: "Senhor, se estiveras aqui não teria morrido meu irmão". Assim também Maria. Porém ambas falharam em perceber que o próprio Senhor é a ressurreição e a vida. Que possamos notar que tudo o que Deus pode fazer está incluído no que Ele é. As pessoas não recebem o poder de Deus porque elas não sabem que Ele é. "Portanto, é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele é, e que se torna galardoador dos que o buscam".
O que o Senhor Jesus deseja nos falar aqui, não é que Ele é capaz de preservar a vida de alguém, mas que Ele mesmo é a ressurreição. Peçamos a Deus para abrir os nossos olhos, para vermos que o Senhor é. Nós precisamos ver que, diante de Deus, Cristo é tudo para nós. Com tal compreensão, nós faremos progresso real nos assuntos espirituais. É imperativo que entendamos que para Deus não há nada além de Cristo! Nosso progresso real nas questões espirituais depende de nos apossarmos desta realidade espiritual – será que conhecemos o próprio Deus, ou conhecemos apenas as coisas que Deus fez?
O tema de João Capítulo 11, não é sobre como o Senhor Jesus ressuscitou a Lázaro, mas sobre como Ele foi ressurreição para Lázaro. Vemos a distinção aqui? O Senhor é a ressurreição. Porque Ele era a ressurreição para Lázaro, Lázaro foi ressuscitado. Ele não lhe dera algo chamado ressurreição, Ele mesmo era a ressurreição para Lázaro. Em outras palavras, o que o Senhor fez foi apenas o fator externo, mas o que Ele próprio era, era a substância. Não estamos sugerindo que o Senhor Jesus não ressuscitou a Lázaro; estamos simplesmente afirmando que Jesus era ressurreição para ele, e que por isso Lázaro foi ressuscitado dentre os mortos.
É bom que entendamos que todas as obras de Deus em Cristo estão incorporadas neste princípio. Porque se o Senhor é alguma coisa em nós, nós temos, então, tal coisa. Primeiro ser, depois o ter. Muitos cristãos tendem a falar sobre o Doador e Seus dons separadamente. Mas um dia nós descobrimos que o próprio Doador é a Sua dádiva. Pois Deus não tira vários itens para nos dar em fragmentos; o que Ele dá é Cristo. É bom que um dia nossos olhos sejam abertos para reconhecer isto – que todas as coisas estão em Cristo.
Aqui o Senhor declara quem Ele é. Ele diz: "Eu sou a ressurreição e a vida". Já que Ele é a ressurreição, não há qualquer problema para que Lázaro seja ressuscitado. Nós cremos que o Senhor realmente ressuscitou a Lázaro dentre os mortos, mas a ênfase estava no ter o próprio Senhor. A ressurreição de Lázaro não é, na realidade, um tremendo fenômeno; mas conhecer o Senhor Jesus como a ressurreição, isto sim, é uma questão de grande significado. Muitas pessoas podem crer no Senhor Jesus como o Doador da vida, mas crer Nele como a vida, é um assunto bem diferente. Ele não apenas é o Doador da vida, Ele também é a vida. Ele é a vida que Ele dá, bem como o Doador da vida. Ele é tanto o Senhor da ressurreição como é a própria ressurreição. Logo que percebemos este fato, instantaneamente compreendemos que o que quer que esteja em Cristo é vivo. E o que Deus dá aos homens é Cristo. Esperamos que possamos ter pelo menos um raio de luz brilhando sobre nós, nos levando a concluir que o Senhor é tudo. "Eu sou a ressurreição e a vida", declara o nosso Senhor. Ressurreição e vida são, portanto, um assunto de grande importância.
CRISTO É A VIDA
No jardim do Éden Deus colocou o homem que Ele criou. Duas possibilidades foram abertas para este homem. Ele poderia ter vida ou ele poderia morrer. Se ele comesse do fruto da árvore da vida, ele viveria. O homem que Deus criou era verdadeiramente bom, mas ainda restava uma questão decisiva – a de vida ou morte. Naquele tempo ele era capaz de se mover ou de penar, mas ele não tinha vida. Não queremos dizer que não era vivo, pois, julgando pela vida natural do homem ele certamente era vivo. Gênesis 2:7 já nos diz que "o homem se tornou alma vivente". No entanto, julgando pelo que é representado na árvore da vida, ele não tinha vida alguma. Ele possuía o poder de pensar e sentir, essas coisas constituindo as funções principais da alma do homem, no entanto, ele não possuía a vida como simbolizada pela árvore da vida. Aqui nós somos instruídos que a vida é mais profunda do que a emoção e mais profunda do que o pensamento. Tudo no cristianismo tem a sua falsificação, falso arrependimento, falsa confissão, falsa conversão, falso zelo, falso amor, imitações de obras do Espírito Santo, até mesmo imitação de vida. Quantos cristãos consideram um bom sentimento como sendo vida! Eles estimam uma atmosfera calorosa e uma voz alta como sendo cheias de vida. Eles não podem distinguir vida e sentimento, não reconhecem que a primeira é muito mais profunda do que a segunda. Outra classe de cristãos reconhecerá um pensamento nobre, ou mesmo uma emoção forte, como sendo vida. Se eles encontram, em alguma mensagem, muitos pensamentos estimulantes, palavras interessantes e argumentos louváveis, eles julgam que ela foi dada com vida. Mas aqueles que têm mais experiência e que têm aprendido, nos informarão que a vida é mais profunda do que o sentimento ou do que o pensamento. Além disso, vida não é ação. Não é pelo fato de alguém ser extremamente vigoroso, entusiasta e ativo que ele pode necessariamente ser chamado de alguém que está na vida. Ele pode estar realmente envolvido com a atividade, mas isto não pode ser classificado como vida.
Ora, não estamos insinuando aqui que não exista pensamento, nem sentimento, nem ação, na vida; simplesmente afirmaríamos que vida não é, nem sentimento, nem pensamento, nem ação. Você pode ouvir a mesma boa palavra de duas pessoas, no entanto, em uma pessoa você percebe vida enquanto em outra, apenas um pensamento. Você pode testemunhar uma comovida emoção em uma pessoa, mas encontrar vida em outra. Muitos irmãos consideram certas sensações neles como sendo vida, mas aqueles que têm aprendido sabem bem que isto não é assim. Muitos julgam certos pensamentos interiores como sendo vida, mas crentes experimentados dirão que tais pensamentos não são vida de forma alguma.
Dois irmãos podem compartilhar da mesma visão e dar a mesma interpretação à mesma passagem da Escritura, no entanto, para cristãos experimentados, esses dois são diferentes, um tem apenas o pensamento, enquanto que o outro tem tanto a vida quanto o pensamento. Na verdade, é possível encontrar vida juntamente com pensamento, isto é, freqüentemente verdade; no entanto, contactar apenas um pensamento, não é contactar vida. Estas duas coisas são totalmente diferentes. Há muitos que pensam que uma vez que dizem palavras semelhantes, eles são obrigatoriamente iguais. Mas isto não é verdade. É possível que essas palavras sejam apenas um pensamento, numa pessoa, e sejam vida em outra. "Eu sou a vida", diz o Senhor. Vida é, portanto, não uma questão fora de Cristo; é Cristo mesmo. Se, é apenas uma coisa, é morta. A vida sobre a qual, muitos cristãos falam, é apenas uma coisa que eles mesmos produzem.
Como que nós verdadeiramente necessitamos da misericórdia do Senhor a esse respeito. Nós sabemos o que é um pensamento, o que é um sentimento, e o que é uma atividade; no entanto nós falhamos em ter uma clara apreciação do que é a vida. Que possamos pedir ao Senhor para nos mostrar o que a vida realmente é. E um dia, quando nos for dada tal revelação, naturalmente saberemos o que é vida, e então seremos capazes de tocar o Senhor.
CRISTO É A RESSURREIÇÃO
Voltemo-nos novamente para a ressurreição. Aquele que enfrentou a morte e que sobreviveu é chamado de ressurreição. O que quer que seja que tenha saído incólume da morte é ressurreição. A morte veio ao homem após ele ter comido o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Desde então o homem tem sido incapaz de resistir à morte. Tudo o que tem entrado no túmulo nunca retorna. Uma vez tendo ido, nunca mais volta. Em todo o universo, entre incontáveis números de pessoas, há apenas um que passou pela morte e saiu dela, e esta pessoa é o nosso Senhor. "Eu Sou... aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos" (Ap 1:17,18).
O Senhor é o Senhor da ressurreição. Ressurreição fala do que passa pela morte, mas não é seguro pela morte. A Bíblia usa a palavra "seguro" para descrever o poder da morte. As pessoas entram na morte e não são capazes de sair novamente, porque a morte segura firmemente todos os que entraram. Mas a morte não foi capaz de segurar a Cristo. Portanto, isto é chamado de vida e também é chamado de ressurreição. Ressurreição é a vida que foi colocada na morte e está viva para sempre. O nosso Senhor Jesus é a vida porque Ele foi morto, tendo entrado no inferno, o recanto mais profundo da terra, no entanto, Ele está vivo pelos séculos dos séculos. A morte não tem nenhum poder para segurá-lo em suas garras. Ele saiu da morte. E uma vida como esta é chamada de ressurreição. Portanto, uma vida que leva as marcas da morte e, no entanto está viva, é chamada de ressurreição.
Muitas pessoas perguntam: "por que é registrado em João, capítulo 20, que após o Senhor Jesus ter sido levantado de entre os mortos, Ele deixou as impressões dos pregos em Suas mãos e da lança em Seu lado para que Tomé os pudesse tocar e investigar?" Sabemos que este é o significado da ressurreição. O que o Senhor pretendia mostrar a Tomé, não era que Ele tinha sido ferido e havia morrido, mas aquele que tinha sido ferido e, no entanto, Ele agora estava vivo. Ele leva em Seu corpo as marcas da morte; no entanto, Ele está vivo. Isto é chamado de ressurreição.
Isto deve ser verdade no nosso caso. Temos em nossa vida, muitas coisas que não levam as marcas da morte, portanto elas não podem ser consideradas como sendo ressurreição. Apenas o que leva as marcas da morte, e está vivo, é que é chamado de ressurreição. Não pense que está tudo bem com você se você tem eloqüência, inteligência e competência. É bem possível que você tenha eloqüência, inteligência e competência. Um irmão pode ter grande talento e pode ser bastante capaz; ele parece estar bem vivo. No entanto, não há nenhuma marca de morte em seu talento, porque ele possui muita confiança em si mesmo. Ele crê que nunca faz nada de errado e está certo do sucesso em qualquer coisa que empreenda. Esta pessoa possui enorme autoconfiança, auto-segurança, audácia e força própria, mas ela não tem a marca da morte. Não queremos dizer que uma pessoa ressurreta não tem poder; o que estamos tentando afirmar aqui, é que no poder de um ressurreto há o sinal da morte. Ele é capaz de trabalhar, mas ele não se atreve a confiar em si mesmo. Ele pode praticar muitas ações, no entanto ele perdeu aquele toque de audácia própria, e a sua própria força se tornou em fraqueza. Isto é o que chamamos de ressurreição.
Em sua carta à Igreja de Coríntios, Paulo confessa o seguinte: "E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós" (I Co 2:3). Essas são as palavras ditas por alguém que verdadeiramente conhece a Deus. Quão trágico é que haja tantas pessoas fortes e autoconfiantes entre os crentes. Mas aqui está um homem que reconhece a si mesmo como estando em fraqueza, em temor e em tremor. Há a marca da morte em seu corpo.
Consequentemente, a ressurreição e a cruz são inseparáveis. A cruz elimina. Coisas que brotam de nós mesmos são incapazes de se levantar novamente, uma vez que elas tenham passado pela cruz, pois elas se perdem na morte. Somente o que passa pela morte e sobrevive, o que tem o sinal da morte sobre si e vive, é que é ressurreição. Ressurreição implica em passagem pela morte, e a passagem pela morte sempre elimina alguma coisa.
Irmãos, se nós realmente soubermos o que é ressurreição, conheceremos a cruz como poder eliminador. Quando passamos pela cruz, seremos libertados de muitas coisas. Nós nos tornaremos pessoas totalmente diferentes, porque muitas coisas serão arrancadas de nós. Somente quem tem em si a vida pode experimentar ressurreição; sem vida em si mesmo, não há qualquer possibilidade de ressurreição. Por exemplo, nós podemos cortar um bloco de madeira em pedaços e enterrá-los na terra. Após muitos dias esses pedaços estarão completamente apodrecidos e se tornarão totalmente inúteis. Mas se cortarmos um ramo de uma árvore e o plantarmos na terra, nós o encontramos brotando depois de algum tempo. Um irá apodrecer enquanto o outro irá brotar. Tudo o que é morto irá certamente deteriorar-se; somente o que é vivo será ressuscitado ao passar pela morte.
Portanto, a ressurreição do Senhor Jesus é baseada em Sua vida. Por causa de uma vida imortal Nele, Ele não pode ser seguro pela morte. Com tal vida imortal, Ele desvencilha-se da morte assim que é colocado nela. Que possamos reconhecer bem, que quando passamos pela cruz, em experiência, levaremos muitas coisas para a morte, sem que haja qualquer chance de trazê-las para fora novamente. Somente o que é de Deus pode ser ressuscitado, em nosso encontro com a cruz, somos verdadeiramente uma enorme subtração; ela retira muitas coisas.
Incontáveis irmãos frequentemente fazem esta pergunta: "Como eu sei que morri? Como posso saber que a cruz fez a sua obra em mim?" A resposta é simplesmente uma. Se o Senhor tem trabalhado em sua vida, você perderá muitas coisas. Se você tem permanecido intacto desde que foi salvo, estando tão rico e cheio como antes, então isto evidentemente significa que a cruz não tem trabalhado em você. À medida que a cruz opera na vida, você notará que grande obra de subtração, ou limpeza, o Senhor tem realizado em você. E como conseqüência, o que você era capaz de fazer anteriormente, agora já não é mais capaz; aquilo em que você já foi autoconfiante, atualmente já não é tão confiante; e com respeito ao que você era, bastante corajoso em enfrentar no início, já agora você é hesitante. Assim são provadas as obras do Senhor. Se houve ressurreição em sua vida, então muitos itens devem ter sido deixados no túmulo, uma vez que ali as coisas não podem sobreviver à morte. O que quer que seja de Adão não pode viver após ter passado pela morte. Mas a vida do Senhor é completamente capaz de passar pela morte e sair novamente. Isto é ressurreição.
Algumas vezes as coisas perdidas na morte são novamente ganhas em Cristo. Isto é semelhante a um ramo que, quando cortado de uma árvore, parece morto, mas que, quando plantado na terra, crescerá mais uma vez. Assim sendo, ao dizermos que temos as impressões da morte sobre nós, não desejamos insinuar que, daqui em diante, não poderemos mais falar, ou trabalhar; mas apenas que não seremos mais tão descuidados e autoconfiantes, tanto em nossa fala quanto em nossa ação. Quando uma pessoa é tocada por Deus, sendo tratada pela cruz, ela se torna fraca, temerosa e receosa e, consequentemente ela não ousa dizer "eu posso" ou "eu farei". Ela ainda fará a sua obra, no entanto, com o temor do Senhor em si. Ela continuará a caminhar, só que agora ela caminha segundo Deus. Exatamente como Abraão andou passo a passo segundo Deus. Em sua vida hoje, a marca da cruz é claramente notável. Ela tem sido ferida por Deus; ela já não está mais intacta; ela leva a marca da morte. Isto é chamado de ressurreição.
Hoje Deus tem comunhão com o homem na esfera da ressurreição, e esta ressurreição inclui a cruz. Portanto, nada pode estar relacionado com Deus sem passar pela morte. Deus não pode e não fará contato ou se comunicará, no campo da ressurreição, com alguém que ainda tenha que morrer e ressurgir. Precisamos morrer e então ser ressuscitados. A vida que recebemos é uma vida de ressurreição. Tudo o que aprendemos que tem qualquer relação com Deus, tem que ser levantado da morte.
Em questões espirituais, encaramos um sério problema. É que as pessoas frequentemente servem a Deus com as coisas naturais, em vez de servirem com as coisas ressurretas. Muitos têm zelo, mas poucos têm um zelo ressurreto, um zelo que passou pela morte e ressurreição. Muitos zelos têm a primeira característica, mas não a segunda. Observamos um grande número de irmãos trabalhando diligentemente e com talento, no entanto a sua diligência e talento são do primeiro tipo, o natural, e não do segundo, pois eles não passaram pela morte. Não podemos considerar isto como sendo ressurreição, se vivemos diante de Deus no poder desses elementos naturais.
Alguém pode perguntar: "o que é o corpo de Cristo?" O corpo de Cristo é onde a ressurreição de Cristo é manifestada. Em outras palavras, o que quer que não seja da ressurreição, não tem qualquer parte no corpo de Cristo. A igreja não é o lugar onde você introduz algo da sua inteligência e eu introduzo algo da minha habilidade no trato com as pessoas. A igreja não é edificada pelo fato de você contribuir com um pouquinho de algo natural e eu também contribuir com mais um pouco de outra coisa também natural. A igreja exclui tudo o que é natural e aceita somente o que é ressurreto. Sempre que o natural entra, a igreja perde o seu caráter. Não pode haver nada, nenhum elemento, que não seja ressurreto, na igreja.
Muitos irmãos perguntam como que a igreja poder ser uma. Temos que compreender quão fútil é alcançar a unidade pelos meios humanos. Os filhos de Deus precisam conhecer a cruz e tratar com a carne e com o que é natural, para que cheguem à unidade. Nenhum método é efetivo, a menos que o povo experimente o Calvário. Nenhum problema na igreja é resolvido pelas manobras e ingenuidade humanas. A igreja não permite nem a carne, nem o que é natural, pois ambos a danificarão. É bem verdade que a igreja requer as contribuições e os ministérios dos homens; no entanto, deve haver a marca da morte sobre eles. Utilidade, acompanhada pela marca da morte, é chamada de ressurreição. O próprio Senhor é ressurreição, e ele deseja ter uma igreja ressurreta.
Se, desejamos ter tal experiência, então devemos buscar de Deus a Sua obra em nossas vidas. Talvez estejamos bastante familiarizados com muitos ensinamentos, no entanto, sem recebermos um básico golpe do Senhor, nós permaneceremos os mesmos. Algumas vezes, nós escorregamos e caímos. Sentimos a dor, sim, no entanto, essa dor só dura alguns poucos dias ou poucos meses. Mas se nos tivesse sido dado o básico golpe de Deus e se tivéssemos sido quebrados o suficiente, não ficaríamos doloridos por apenas uns poucos dias ou poucos meses; nós conservaríamos essa ferida por toda a nossa vida. Mancaríamos para sempre diante de Deus e a marca da cruz estaria sempre sobre nós.
Muitos anos após Paulo ter tido a visão na estrada de Damasco, ele testemunhou: "Pelo que... não fui desobediente à visão celestial" (Atos 26:19). Se o Senhor tiver misericórdia de nós e nos golpear severamente, um dia nossos velhos "eus" nunca serão capazes de se levantarem novamente. A ferida permanecerá em nós para sempre. Uma vez que ainda é possível tocar, no Cristo ressurreto, a ferida que os pregos deixaram em Suas mãos e que a lança deixou em Seu lado, tal ferida nunca desapareceria nas vidas de todos os que hoje conhecem o Senhor como ressurreição. Experimentando esta ferida, nós nunca mais nos atreveremos a nos orgulharmos em nós mesmos e em nosso poder. Uma vez abatidos pelo Senhor, nós não nos levantaremos mais. Que as marcas da cruz sejam cada vez mais evidentes em nossas vidas.
Fingimento é inútil aqui. Pois aquilo que é assunto por si mesmo, logo será esquecido. Mas uma vez que o sacrifício é colocado no altar e imolado, ele não se levanta nunca mais. Se, em qualquer tempo, nós sofrermos este golpe básico, então compreenderemos quão incapazes, acabados e nulos nós somos. Esta marca de morte em nós testifica dos nossos conhecimentos de ressurreição. Conhecer a cruz é conhecer a ressurreição. O que é deixado depois da cruz é ressurreição. Oh! Quantas são as coisas que nunca se levantarão novamente, mas se irão para sempre, uma vez que tenham passado pela cruz. Somente o que pode resistir à cruz possui valor espiritual. O que quer que entre na sepultura e permanece é algo morto; mas o que quer que saia do outro lado da sepultura, no entanto, leva a marca da cruz, e da ressurreição.
Oremos para que possamos verdadeiramente saber que Cristo é a nossa ressurreição, bem como a nossa vida. Que o Senhor possa eliminar muitas coisas de nós. Que Ele possa, não somente nos levar a ter mais da Sua vida, mas também menos de nós mesmos. Quão frequentemente nós vivemos de acordo com o natural, nem mesmo conhecemos a disciplina de Deus, nem a cruz. Nós necessitamos pedir ao Senhor que seja misericordioso conosco, para que o natural possa gradualmente ser diminuído em nós, enquanto que o ressurreto possa ser cada vez mais manifestado. Que a vida e a ressurreição possam ser realidades, não teorias, para nós. Sempre que colocarmos as nossas mãos, possa Ele nos mostrar que não há ressurreição alguma em tal coisa, uma vez que tudo o que isto realiza é apenas natural e carnal. Que Ele possa expor a nossa carne, pela luz da ressurreição. Se ainda não podemos ver, que o Senhor seja misericordioso. Amém!
Retirado do livro "Christ the Sum of all Spiritual Things"
De Watchman Nee.
(Tradução de E.L.)
Fonte: www.celebrandodeus.com
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