Descendo do céu, da parte de Deus

quarta-feira, 19 de agosto de 2009


Leitura: Apocalipse 21 e 22

Pensamentos sobre a Nova Jerusalém


O próximo grande evento no calendário de Deus é o retorno em glória de seu Filho Jesus Cristo.É a consumação desta vinda e a revelação final da glória de Cristo que é mostrada a nós na forma desta cidade celestial, “descendo do céu, da parte de Deus”. Esta cidade nupcial representa o resumo da obra de Deus através dos séculos. Seus muitos símbolos mostram as características de seu Filho, enquanto as mesmas estão sendo impressas no interior das pessoas a quem Ele tem escolhido das nações, por seu nome, uma maravilhosa união de Cristo e sua igreja, que tem uma infindável tarefa de ministrar vida ao universo.As nações andarão à sua luz, e elas acharão saúde a partir das folhas da sua árvore; reis trarão seus tesouros para a cidade, e a glória de Deus irá prover sua luz.


Duas vezes João que a cidade foi mostrada a ele por Deus – “Ele me mostrou...” Talvez enquanto humildemente lemos e meditamos, Deus irá nos mostrar algo de sua significação e importância, e por meio de seus símbolos nos dará uma idéia mais clara das coisas não vistas e eternas que são para nós manter em vista, a fim de que “nossa leve tribulação” possa produzir em nós “ cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória”. (2 Cor 4.17,18)


A RUA


A Versão Autorizada faz uma pausa entre os dois primeiros versículos de Apocalipse 22 que é enganosa. A Versão Revisada indica que o rio está no meio da rua desta santa cidade. A única rua está no centro; um rio corre do meio da rua, e a árvore da vida cresce de ambos os lados do rio. Nada está no plural, nem mesmo esta árvore, embora seja achada em ambos os lados do rio. Até este ponto as coisas estavam no plural. A vida tem muitas formas de expressar-se a si própria, assim como mostram as muitas árvores do rio de Ezequiel(Ezequiel 47.4). Ao final, contudo, tudo é reunido numa unidade absoluta: uma cidade, uma rua, um rio e uma árvore. É um lembrete simbólico de que ao final tudo será resumido à uma perfeita unidade:a unidade de Cristo.


Tal unidade somente pode ser percebida num relacionamento com o Espírito, mas isto certamente não é somente para o futuro, mas para hoje. A cidade está sendo espiritualmente formada agora no tempo presente, e a obra está em curso agora, em preparação para a grande consumação que ela revela; se a igreja é para ser a metrópoles de Deus, com uma vocação eterna no centro do universo, então aqui e agora ela deve aprender a unidade com e em Cristo. Uma rua! Esta unidade, diretamente do âmago da igreja, é básica para seu presente testemunho tanto como para a sua eterna vocação. A única rua tem um único rio, que significa que da parte mais íntima do campo do relacionamento com Cristo há uma fonte de vida. A cidade é, naturalmente, o último objetivo para o qual o Espírito Santo está se movendo. Nossa vocação nesta terra, aqui e agora, não é primariamente a de nos engajarmos em uma quantidade de boas obras, mas sim a de prover uma forma pela qual a vida de Cristo possa fluir para os outros. Como pode isto acontecer finalmente se não começar agora? Como podemos nós nos entusiasmarmos acerca da última unidade se nós não estivermos dando diligência, aqui e agora, para manter a unidade do Espírito?


Sendo este o caso, não precisamos salientar que o movimento estratégico do inimigo contra o propósito de Deus na igreja é o de mantê-la dividida, basicamente dividida. Ele não se importa com meras profissões de unidade, nem está ele impropriamente preocupado com ilusões externas de unidade; mas o que ele se põe é contra é a unidade interior que irá liberar o grande rio de vida de Deus a fluir para fora, para um mundo necessitado. “Eu te mostrarei a noiva , a esposa do Cordeiro”, foram as palavras de introdução que levou João a ver a grande celestial e santa cidade de Jerusalém em sua gloriosa unidade. O indivisível amor por Cristo, como o amor da noiva por seu marido, é a única coisa que realmente se opõe a Satanás, e a única base para uma real unidade.


A CANA DOURADA


A cidade foi medida com uma cana dourada, tudo dentro dela sendo visto conforme as medidas de Deus. A idéia geral é divina, e pode somente ser medida pelo padrão divino, pois é para expressar o propósito divino. Nosso chamado em Cristo nos faz muitas exigências, mas se pudermos vê-las à luz das coisas eternas, será muito mais fácil enfrentá-las. Não que seja sempre fácil para a nossa natureza humana ser tratada de acordo com esta cana dourada de padrões divinos, mas nós podemos mais prontamente suportar o preço, se mantivermos o propósito divino em vista.


Uma maravilhosa característica da cidade é a sua pureza absoluta. Isto é verdadeiro do seu estilo de vida, porque a água de seu rio é tão clara como o cristal. Isto é verdadeiro de sua substância,que é de ouro puro feito como o puro vidro. Isto é verdadeiro de sua luz, que é descrita como sendo “como uma pedra jaspe”, claro como o cristal”. Desta pedra também é dita ser “muito preciosa”, o que sugere que tal condição de transparência é muito preciosa para o Senhor. Isto também implica que nós, seu povo, iremos achá-la de uma qualidade muito cara, uma que somente pode ser experimentada se aceitarmos a disciplina de Deus, e recebermos uma educação espiritual que nos torne refinados e parecidos com Cristo. Esta pureza não é meramente negativa, uma espécie de condição inoxidável, mas é uma luz sem sombra e sem sem nuvem. Deus é luz: Cristo é a luz do mundo, e o ministério da igreja é tanto receber como transmitir sua luz. A cidade está radiante com a glória de Deus. Qual é o oposto de glória?


É escuridão,nebulosidade; é tudo que no reino não é claro, mas misturado e sombrio. Se você tivesse que lidar com uma pessoa em quem você não pode confiar, por causa de elementos escondidos os quais se não realmente decepcionantes de alguma forma, falta pura transparência, você a teria achado uma experiência desagradável, muito contrário de glória. Quando a glória de Deus preenche o lugar, então não há tais questões ou dúvidas, mas uma confiança perfeita e aberta. “Nele não há trevas absolutamente...” (1 John 1:5). Esta glória é nossa, pela graça, e deve governar todos os nossos caminhos.


Todos os portais da cidade são de pérola. Pérolas são uma parábola de preciosidade que resulta de sofrimento, uma vez que elas são formadas como o resultado da agonia das criaturas “que as hospedam”. Essa pérolas são os únicos portões. Não há outro caminho para a cidade que não seja pelo amor sofredor, porque os eleitos que reinarão com Cristo são aqueles que têm primeiro compartilhado algo dos sofrimentos de Cristo . Não adianta nossa opção por um relacionamento do tipo casual ou por um caminho fácil, porque o amor de Cristo, purificado de toda mistura, e precioso para Deus, exige um compromisso com Ele, por seu supremo propósito a ser cumprido, muito embora o custo possa ser alto. Não vamos nos deter pelo alto preço, mas manter nossos olhos no resultado – “tendo a glória de Deus”. Este é o nosso destino.


O MURO


Uma outra característica desta corporificação do pensamento de Deus é o fato de que a cidade tem “alto e grande” muro. Muito tem sido dito deste muro, com repetida menção sobre suas fundações, suas dimensões e seu comprimento. Parece que ele retrata a distinção da cidade. É verdade que muros são frequentemente usados para propósitos de defesa, mas como tal necessidade jamais poderia surgir na cidade celestial, concluímos que o muro representa uma demarcação daquilo que Deus deseja ser distinguido de uma forma especial. Você não concorda que há muita fraqueza no cristianismo atualmente apenas por razão de uma falta de distinção de testemunho e vida? Não que Deus irá permitir-nos pensar em termos de conceito espiritual ou imaginada superioridade, mas é importante que nós não perdêssemos aquele senso de propósito definido e distinção que poderia sempre governar a vida de seu povo remido. O muro é bonito; é alto; é forte. Ele delimita aquilo que tem valor e significado especial para Deus.


ADORNADA


“Descendo do céu, da parte de Deus, adornada...” Se esta cidade deve ser a corporificação de valores eternos, se ela não é uma coisa mas pessoas, então algo deve estar acontecendo para dar forma e prepará-los para que tal condição possa ser possível. Você irá notar que o muro da cidade está adornado, e também que o adorno da cidade em si é dito como sendo adequado para uma noiva. O muro não é uma demarcação feia, mas as suas fundações são adornadas com todo tipo de pedras preciosas. As caras gemas são simples símbolos dos muitos lados da preciosidade de Cristo. “Todavia para vós que credes é a preciosidade” (1 Pedro 2.7), a preciosidade de Cristo em si mesmo.


E a noiva também está adornada. Seu adorno é algo mais do que um esplendor externo, que pode ser colocado e tirado; sua beleza consiste daquelas qualidades interiores que deleita o coração de seu noivo celestial. “A filha do Rei está toda gloriosa por dentro: suas vestes são feitas de ouro” (salmo 45:13). Nós propensos a prestar tanta atenção ao exterior, até mesmo em coisas espirituais, mas o objetivo de Deus é um povo cuja vida interior é bonita com o puro ouro do amor de Cristo, porque Cristo está vindo “para ser glorificado nos seus santos, e para ser admirado por todo aquele que crê” (2 Tes. 1.10).


Se estes adornos vem do céu, como primeiro eles chegaram lá? Eles são o resultado da nossa caminhada com Deus aqui na terra. Vivemos nossas vidas aqui baixo, e embora nós frequentemente ficamos desencorajados, entramos em novas experiências da graça de Deus e aprendemos mais de seu Filho. A Palavra nos ensina que algo está acontecendo o tempo todo em relação à nossa vida aqui, que é equivalente a um tesouro que está indo adiante de nós e aguardando que nós o sigamos. Enquanto nós prosseguimos em nosso caminho com o Senhor, há valores celestiais se acumulando para o futuro. O Senhor Jesus não nos falou para ajuntar para nós mesmos tesouros nos céus. (Mat.6.20)? Então, enquanto há uma vida temporal, há também valores sendo armazenados no céu, características de Cristo que irão adornar sua cidade. Nosso crescimento espiritual, nossas características espirituais estão, por assim dizer, indo adiante de nós. Elas são eternas: elas não são efêmeras. E toda esta preparação está em curso, assim nos é dito, “enquanto olhamos ... para as coisas que não são vistas...mas eternas”.


“Adornada como uma noiva para seu marido”. O que o Senhor está fazendo em nós agora, enquanto diariamente aprendemos novas lições de graça e humildade, será manifestado naquele dia, e embora isto possa trazer gratificação a nós e alegrar aos outros, é primariamente para o prazer de Cristo. O adorno espiritual da igreja será a recompensa ao nosso Noivo-redentor por toda a sua paciência e amor sofredor.


A cidade é descendente do céu, isto é, ela é conformada com o céu. Ela não vem do céu porque não é adequada, mas vem para trazer os valores do céu para o resto do universo de Deus. Nós devemos medir todas as coisas aqui em baixo pelos valores que são celestiais e eternos. Isto nos trás novamente de volta à cana dourada dos padrões de Deus, a cana que mede tudo à luz do propósito de Deus de mostrar a grandeza de seu Filho a um universo que deseja o saber por meio da Igreja que está em uma comunhão viva de amor com Ele. Este é o fim de todas as coisas. Isto é onde a Bíblia termina. E esta é a nossa vocação em Cristo.


T. Austin-Sparks



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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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